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Mente em forma
Leitura, palavras cruzadas, quebra-cabeças — estão aí alguns
exemplos de tarefas que deixam o cérebro funcionando a pleno vapor. Mas a
ciência recomenda colocar um item importantíssimo nessa lista: as
atividades físicas
Quem exercita mais os neurônios: um jogador de xadrez ou um corredor que
sua a rodo na esteira? Uma resposta baseada no senso comum afirmaria
sem titubear que a primeira alternativa seria obviamente a mais correta.
Mas diversos estudos provam que, na verdade, os fãs das atividades
físicas também impulsionam sua aptidão para assimilar e guardar
informações dentro da cabeça.
Uma das pesquisas que dão um
xequemate nesse sofisma intelectualoide vem da Suécia, mais
especificamente da Universidade de Gotemburgo. Nela, todos os homens —
sim, todos os homens — nascidos entre 1950 e 1976 que ingressaram no
Exército daquele país tiveram sua capacidade cardiorrespiratória
avaliada e passaram por provas para medir seu nível de raciocínio
lógico. Pode crer: os que estavam mais em forma obtiveram melhores
resultados nos chamados testes cognitivos. “Isso não quer dizer que o
indivíduo fisicamente ativo é mais inteligente. Só que ele está mais
preparado para armazenar conhecimento”, explica Ricardo Mario Arida,
neurofisiologista da Universidade Federal de São Paulo. “O motivo dessa
melhora ainda era uma dúvida para nós”, completa. Como o especialista
bem disse, era.
Em conjunto com outros pesquisadores da Unifesp,
Arida investigou a massa cinzenta de 20 ratos. Metade deles passou por
um regime de corridas diárias na esteira, enquanto o restante dos
roedores ficava na maciota. Os resultados, recém saídos do forno, foram
surpreendentes. “Notamos que áreas cerebrais como o hipocampo, ligado às
memórias, estavam mais ativas nos animais que haviam passado pelas
sessões de treinamento”, revela ele. E, segundo os cientistas, a mesma
coisa ocorre com os seres humanos.
Aqui, porém, devemos abrir
espaço para uma ressalva: os levantamentos que mostram essa relação
entre um corpo bem condicionado e uma mente mais esperta usam como
parâmetro as atividades aeróbicas, como correr, nadar ou pedalar. Até o
momento, pouco se sabe, por exemplo, dos efeitos da musculação sobre as
células nervosas. “De qualquer jeito, ela é fundamental por preparar o
corpo de quem pretende fazer qualquer esporte aeróbico”, pondera a
educadora física Tânia Benedetti, da Universidade Federal de Santa
Catarina, em Florianópolis.
As recomendações dos especialistas
para manter a mente em forma são as já clássicas três vezes por semana
de algum tipo de exercício aeróbico, praticado com intensidade moderada.
Uma corrida ou caminhada de passos apertados, desde que realizadas
frequentemente, dão conta do recado. Entretanto, há maneiras de dar um
gás extra ao cérebro. “Atividades que envolvem movimentos complexos e
exigem muita coordenação motora, como a dança, potencializam os
benefícios”, afirma Tânia.
E veja só: se você seguir essas
orientações à risca, pode até se proteger de doenças neurodegenerativas.
Um levantamento realizado por cientistas da Universidade Europeia de
Madri, na Espanha, mostra que pessoas ativas têm um risco 20% menor de
desenvolver o Alzheimer, mal conhecido por riscar nossas lembranças.
Além de prevenir essa espécie de apagão da memória, a prática esportiva
contribui para controlar o problema. “O exercício melhora a habilidade
de pacientes com essa demência para lidar com as tarefas do dia a dia”,
conta a SAÚDE! o fisiologista Alejandro Lucia, autor do trabalho
espanhol.
Um dos principais motivos para esse benefício é que,
quando a gente se exercita, caem as concentrações de homocisteína no
organismo. Essa substância provoca a morte dos neurônios, porque, entre
outras coisas, ajuda a formar placas que se alojam entre eles,
dificultando a chegada de nutrientes e o tráfego de dados. “Além disso,
muitos indivíduos com a doença apresentam insônia, apatia e depressão.
Quando praticam algum esporte, eles conseguem dormir melhor, além de
ficarem mais animados”, relata José Luiz Riani Costa, clínico-geral e
coordenador do Grupo de Atividade Física para Alzheimer da Universidade
Estadual Paulista, em Rio Claro, no interior do estado. “E está claro
que pessoas praticantes de atividades físicas desde a juventude estão
mais blindadas contra esse tipo de distúrbio”, informa Riani Costa.
Por
outro lado, isso está longe de ser uma desculpa para que os sedentários
mais maduros não tentem trocar o sofá pela esteira. Manter-se ativo
traz benefícios à cabeça em todas as idades. Basta apostar no esporte
aeróbico de que gosta e curtir suas virtudes por anos a fio — com a
mente sã, firme e forte.
EXERCÍCIOS VERSUS DOENÇAS
O esporte aeróbico, praticado com regularidade, ajuda no combate a diversos males
EPILEPSIA
Pesquisas
comprovam: quanto mais longe do sedentarismo, menos ataques o
epiléptico terá. Contudo, quem tem esse problema deve consultar um
médico antes de começar a se exercitar. “Isso porque, para treinar, a
doença precisa estar sob controle”, explica Ricardo Arida, da Unifesp.
Fique atento à modalidade escolhida. A regra é evitar aquelas que trazem
riscos durante uma crise, caso dos esportes radicais. A natação, desde
que haja instrutores por perto, está liberada.
DERRAME
Ser
fisicamente ativo é um dos principais jeitos de se prevenir contra o
acidente vascular cerebral, também chamado de AVC. É que o exercício
estimula a criação de vasos na cabeça — e melhora o estado dos que já
existiam antes. Com isso, o risco de um deles entupir ou estourar
diminui.
DEPRESSÃO
Está aí um mal causado por inúmeros
fatores. Um dos mais estudados pelos cientistas envolve os
neurotransmissores — ou, melhor dizendo, a carência deles. É sabido que a
atividade física estimula a produção dessas substâncias, principalmente
as relacionadas ao bem-estar, como a serotonina. Assim, fica claro por
que o esporte é um aliado de quem quer se ver livre da tristeza sem fim.
MAL DE PARKINSON
Na
cabeça, a atividade física retarda o surgimento dessa encrenca,
caracterizada por tremores, ao estimular a coordenação motora.
“Manter-se em movimento é também manter a força e o equilíbrio,
atributos em falta no indivíduo com Parkinson”, ressalta Tânia
Benedetti, da UFSC.
UM REMÉDIO CONTRA O VÍCIO
É preciso mais do que uma corridinha
para se livrar da dependência do cigarro ou do álcool. Porém, cientistas
apostam no esporte como um reforço na luta contra esse problema.
“Fizemos estudos demonstrando que os exercícios físicos produzem
substâncias relacionadas ao bem-estar”, diz Ricardo Arida,
neurofisiologista da Unifesp. “Ou seja, a pessoa substituiria o prazer
dos entorpecentes pelo proporcionado pela atividade física.”
ESTÍMULO DUPLO
Pesquisadores
da Universidade Estadual Paulista, em Rio Claro, resolveram dar um
passo adiante ao prescreverem tarefas motoras e cognitivas a indivíduos
com mais de 60 anos, que têm maior tendência a desenvolver males
neurodegenerativos. “Os voluntários, por exemplo, andavam por um
circuito em que viam retratos de animais. Cada vez que passavam por um
deles, tinham que falar o nome do bicho”, relata José Luiz Riani Costa,
clínico-geral da Unesp. O objetivo era ativar o máximo de áreas
cerebrais possíveis. “Vimos que nossa ideia deu certo. Além de terem
gostado da brincadeira, os participantes obtiveram uma melhora em
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